Você já ouviu falar em cyberbullying?
Não é de hoje que esse assunto está em evidência na mídia, quando falamos sobre privacidade — que é um direito humano, precisamos falar também sobre os limites da liberdade de expressão.
A liberdade não pode ser confundida com irresponsabilidade, senão se torna abuso de direito.
Quem compartilha calúnias e mensagens de ódio na internet e até mesmo compartilha vídeos íntimos alheios nas redes sociais, não só ultrapassa o limite da ética, mas também fere os direitos do outro.
Entendendo melhor a dinâmica do cyberbullying, é importante saber o que é e como funciona o bullying,
já que o prefixo “cyber” indica apenas o contexto em que essa violência acontece: na internet. O “bullying” é um termo inglês usado para definir a prática sistemática de violência contra alguém, sendo cometido através de insultos, ameaças, apelidos pejorativos, agressões físicas e outros
Ou seja, o cyberbullying é um tipo de ataque que acontece por meio de canais virtuais como redes sociais, aplicativos de mensagens e grupos online. Mensagens de ódio em sites de relacionamentos e jogos eletrônicos, e-mails ameaçadores e perseguição, fazem da prática um ato ainda mais violento ao contar com o anonimato, que facilita a falta de remorso e empatia com a vítima.
No e-talks do primeiro dia do e-Fest, a psicóloga Danielle Sena Moura falou abertamente da importância sobre o assunto e os impactos do cyberbullying na saúde mental:
“Uma coisa bastante interessante, é que [o cyberbullying] requer uma certa especialização tecnológica do lado do agressor. Quer dizer que as pessoas, até terem o anonimato garantido para poder fazer essas agressões, precisam conhecer um pouquinho das ferramentas que os agressores utilizam. Isso geralmente acontece com quem está aprendendo a mexer agora no celular, em que a tendência é ser mais vítima do que agressor, já que a prática requer realmente que a pessoa tenha o conhecimento de ferramentas que possam garantir o anonimato.”
“Uma outra coisa é com relação aos espectadores, porque existe o agressor, a vítima e aquele que fica visualizando o que acontece. O espectador pode estar tanto do lado do agressor quanto da vítima, com o papel ativo em perpetuar a violência ou cessá-la. Então, diante de injúria, racismo, homofobia, através de comentários e divulgação de fotos que ocorrem na internet, dependendo da forma que o terceiro compartilha, ele pode estar compactuando com o agressor e ajudando a propagar a violência contra a vítima”
“A internet não tem limites, o que acontece agora pode ser espalhado para milhões de pessoas ao mesmo tempo. É muito interessante pensar nessa proporção, já que se por um lado a internet veio para ajudar as pessoas a se comunicarem melhor, a velocidade de propagação para coisas ruins e maldosas também existe e realmente acontece. É difícil, nesse meio tão complexo, pensar nessa questão da segurança, pois as pessoas não estão seguras na internet e isso não é falado.”
“Alguns grupos costumam sofrer mais ataques do que outros, que são os grupos vulneráveis e viram o alvo de cyberbullying: são aqueles que podem ter uma renda per capta muito pequena, configurando uma extrema pobreza, pessoas de diferentes etnias, portadores de deficiência, diferenças linguísticas, migração, alguma doença, aparência física e orientação sexual.”
Mas apesar da sensação de segurança em que o agressor acredita estar, ele está cometendo um crime e pode ser punido: A prática do cyberbullying é passível de punição por meio do Código Penal quando configura os crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria – Artigo 138 do Código Penal Brasileiro), crime de injúria racial (ataques racistas – Artigo 140 do Código Penal Brasileiro) e exposição de imagens de conteúdo íntimo, erótico ou sexual (Artigo 218-C do Código Penal Brasileiro incluído pela Lei 13.718, de 2018).
Qual é o tipo de atitude que você precisa ter para evitar que seja mais uma vítima de cyberbullying
É claro que a vítima de uma agressão nunca deve ser responsabilizada pelo crime, mas existem cuidados para poder se prevenir e evitar ser mais uma vítima, como:
- Não expor muito a vida pessoal e detalhes nas redes sociais;
- Evitar a exposição de intimidades na internet e jamais envie fotos íntimas, contendo nudez parcial ou total para outras pessoas, mesmo que confie nessa pessoa;
- Em caso de exposição de fotos íntimas na rede, não hesite em procurar uma delegacia registrar imediatamente um boletim de ocorrência;
- Ao sofrer um ataque virtual, bloqueie imediatamente o agressor;
- Se for vitimado por alguma agressão, antes de tomar qualquer atitude, converse com seus responsáveis ou algum adulto de sua confiança que possa te apoiar e te auxiliar;
Dados de casos de cyberbullying no Brasil
De acordo com um levantamento realizado pelo instituto de pesquisa Ipsos, foi revelado que o Brasil é o segundo no ranking de cyberbullying no mundo. Com mais de 20 mil pessoas entrevistadas em 28 países, constatou-se que no Brasil, 30% dos pais ou responsáveis entrevistados, disseram ter conhecimento de que os filhos já se envolveram ao menos uma vez em casos de cyberbullying.
A Intel Security, uma empresa vinculada à Intel, apontou em uma pesquisa feita com 507 crianças e adolescentes com idades entre 8 e 16 anos, dados relevantes sobre o cyberbullying no Brasil:
66% já foram espectadores em casos de agressão na internet;
21% afirmam ter sofrido cyberbullying;
24% praticaram cyberbullying. Desse grupo:
14% falaram mal de uma pessoa para outra;
13% zombaram de alguém por sua aparência;
7% marcaram alguém em fotos vexatórias;
3% ameaçaram alguém;
3% zombaram alguém por conta de sua sexualidade;
2% postaram intencionalmente sobre eventos em que um colega foi excluído para ele ver que foi excluído.
Assista o conteúdo na íntegra e confira o Talk Show sobre Cyberbullying que rolou no e-Fest em nosso canal no YouTube!
Patrocinado pela ArcelorMittal e Belgo Bekaert, e com o apoio da Viapol. O e-Fest é Realizado pelo Instituto BNB, pelo Instituto Pronto Falei e pelo Governo do Estado de São Paulo, através da Lei Paulista de Incentivo ao Esporte.
A ArcelorMittal Brasil é a maior produtora de aços longos e planos da América Latina e faz parte do Grupo ArcelorMittal, líder de aço e de mineração no mundo. A Belgo Bekaert nasceu da parceria estratégica no Brasil entre a ArcelorMittal e a Bekaert, maior produtora mundial de arames.